quinta-feira , 17 abril 2025 - 22:04
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Carta da amiga (Imperdível!!!)

Amiga:
Conforme minha promessa, estou enviando um  e-mail contando as novidades da minha primeira semana depois  de ser transferida pela firma para o Rio de Janeiro.  
Terminei hoje de arrumar as coisas no  meu novo apartamento.  
Ficou uma gracinha, mas estou exausta. São  dez da noite e já estou  pregada.
Segunda-Feira: Cheguei na firma e já  adorei. Entrei no elevador quase no mesmo instante que o homem mais lindo  desse planeta.
Ele é  loiro, tem olhos verdes e o corpo musculoso  parece querer arrebentar o  terno.
Lindooooo! Estou apaixonada.  
Olhei disfarçadamente a hora no  meu relógio de pulso e fiz uma promessa de  estar parada defronte ao elevador todos os dias a essa mesma hora.  Ele desceu no andar da engenharia.. Conheci o pessoal do setor,  todos foram atenciosos comigo.
Até o meu chefe foi super delicado. Estou  maravilhada com essa cidade.
Cheguei em casa e comi comida enlatada.  Amanhã vou a um mercado comprar  alguma coisa.
Terça-Feira:  Amiga! Precisava contar. Sabe aquele homem de quem falei?  
Ele olhou para mim e sorriu quando  entramos no elevador. Fiquei sem ação e baixei a cabeça. Como sou burra!  Passei o dia no trabalho pensando que preciso fazer um regime. Me olhei no espelho hoje  de manhã e estou com uma barriguinha  indiscreta. Fui no mercado e só comprei coisinhas leves:biscoitos, legumes  e chás. Resolvido! Estou de dieta.
Quarta-Feira: Acordei com dor-de-cabeça.  Acho que foi a folha de alface ou o biscoito do jantar. Preciso  manter-me firme na dieta.
Quero emagrecer dois quilos até o  fim-de-semana. Ah! O nome dele é Marcelo. Ouvi um amigo dele falando com  ele no elevador.
E ainda  tem mais: ele desmanchou o noivado há dois  meses e está sozinho. Consegui sorrir para ele quando entrou no elevador  e me cumprimentou.
Estou progredindo, né? Como faço para me  insinuar sem parecer vulgar?
Comprei um vestido dois números menor que  o meu.. Será a minha meta.
Quinta-Feira: O Marcelo me cumprimentou ao  entrar no elevador. Seu sorriso iluminou tudo! Ele me perguntou se  eu era a arquiteta que viera transferida de Brasília e eu só fiz:  ‘U-hum’…
Ele me perguntou se eu estava gostando do Rio e  eu disse: ‘U-hum’. Aí ele perguntou se eu já havia estado antes aqui  e eu disse: ‘U-hum’. Então ele perguntou se eu só sabia falar ‘U-hum’  e eu respondi: ‘Ã-hã’.
Será que fui muito evasiva? Será que eu deveria  ter falado um pouco mais?
Ai,  amiga! Estou tão apaixonada! Estou resolvida!Amanhã vou perguntar  se ele não gostaria de me mostrar o Rio de  Janeiro no final de semana.  
Quanto ao resto, bem…ando com muita  enxaqueca. Acho que vou quebrar meu regime hoje. Estou fazendo uma  sopa de legumes. Espero que não me engorde  demais.
Sexta-Feira: Amiga! Estou arruinada! Ontem  à noite não resisti e me empanturrei. Coloquei bastante batata-doce  na sopa, além de couve, repolho e beterraba.  
Menina, saí de casa que parecia um  caminhão de lixo.
Como eu peidava! (nossa! Você não imagina  a minha vergonha de contar isto, mas se eu não desabafar, vou me  jogar pela janela!).
No metrô, durante o trajeto para o  trabalho, bastava um solavanco  para eu soltar um futum que nem eu mesma  suportava.
Teve um momento em que alguém dentro do  trem gritou: ‘Aí! Peidar até pode, mas jogar merda em pó dentro do  vagão é muita sacanagem!’ Uma senhora gorda foi responsabilizada. Todo  mundo olhava para ela, tadinha.  
Ela ficou vermelha, ficou amarela, e eu  aproveitava cada mudança de cor para soltar outro. O meu  maior medo era prender e sair um barulhento.  
Eu estava morta de  vergonha. Desci na estação e parei atrás de uma moça  com um bebê no colo, enquanto aguardava minha vez de sair pela  roleta.
Aproveitei e  soltei mais um. O senhor que estava na frente da  mulher com o bebê virou-se paraela e disse: ‘Dona! É melhor a senhora  jogar esse bebê fora porque ele está  estragado!’.
Na entrada do prédio onde trabalho tem uma  senhora que vende bolinhos, café, queijo, essas coisas de camelô. Pois  eu ia passando e um freguês começou a cheirar um pastel, justo na hora  em que o futum se espalhou.  
O sujeito jogou o pastel no lixo e  reclamou:’Pó, dona Maria! Esse pastel tá  bichado!’
Entrei no prédio resolvida a subir os  dezesseis degraus pela escada.
Meu azar foi que o Marcelo ficou segurando  a porta, esperando que eu entrasse. Como não me decidia, ele me  puxou pelo braço e apertou o botão do meu andar. Já no terceiro andar  ficamos sozinhos.
Cheguei  a me sentir aliviada, pois assim a viagem  terminaria mais rápido. Pensei rápido demais. O elevador deu um solavanco  e as luzes se apagaram.
Quase instantaneamente a iluminação de  emergência acendeu.. Marcelo sorriu (ai, aquele sorriso…) e disse que  era a bruxa da sexta-feira.
Era assim mesmo,logo a luz voltaria, não  precisava se preocupar. Mal sabia  ele que eu estava mesmo preocupada.  
Amiga, juro que tentei  prender.
Mas antes que saísse com estrondo, deixei  escapar.
Abaixei e fiquei respirando rápido,  tentando aspirar o máximo possível, como se estivesse me sentindo  mal, com falta de ar.
Já se imaginou numa situação dessas? Peidar e  ficar tentando aspirar o peido para que o homem mais lindo do mundo não  perceba que você peidou?
Ele ficou muito preocupado comigo e, se  percebeu o mau cheiro, não o  demonstrou.
Quando achei que a catinga havia passado,  voltei a respirar normal.
Disse para ele que eu era claustrófoba.  Mal ele me ajudou a levantar, eu não consegui prender o segundo, que  saiu ainda pior que o anterior.
O coitado dessa vez ficou meio azulado,  mas ainda não disse nada.
Abaixei novamente e fiquei respirando  rápido de novo, como uma mulher em estado de  parto.
Dessa vez Marcelo ficou afastado, no canto  mais distante de mim no  elevador.
Na ânsia de disfarçar, fiquei olhando para  a sola dos meus sapatos, como se estivesse buscando a origem  daquele fedor horroroso..
Ele ficou lá, no canto, impávido. Nem bem  o cheiro se esvaiu e veio outro.
Ele se desesperou e começou a apertar a  campainha de emergência.
Coitado! Ele esmurrou a porta, gritou,  esperneou, e eu lá, na respiração  cachorrinho.
Quando a catinga  dissipou, ele se acalmou.  
As lágrimas começaram a escorrer pelos  meus olhos.
Ele me viu chorando, enxugou meus olhos e  disse: ‘Meus olhos também estão ardendo…’ Eu juro que pensei que  ele fosse dizer algo bonito.
Aquilo me magoou profundamente.  Pensei:’Ah, é, FDP? Então acabou  a respiração  cachorrinho…’
Depois disso, no primeiro ele cobriu o  rosto com o paletó.
No segundo, enrolou a  cabeça.
No terceiro, prendeu a respiração, no  quarto, ele ficou roxo.
No quinto, me sacudiu pelos braços e  berrou: ‘Mulher! Pára de se cagar!’. Depois disso ele só chorava.  
Chorou como um bebê até  sermos resgatados, quatro horas  depois.
Entrei no escritório e pedi minha  transferência para outro lugar,  de preferência outro  País.
Apague este e-mail depois de ler,  tá?
Sua amiga.

Sobre o autor

Sobre o portal

Desde 2008 mantenho este portal, que iniciou sendo um disseminador de informações e artigos voltados a área da mecânica e com o passar do tempo alterou seu formato diversas vezes, tornando-se uma plataforma educacional flexível  com ênfases em História (Que é a minha paixão) e trabalhos desenvolvidos na ampliação da cultura Maker no Brasil.

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