Passada a fase do “pesadelo” da documentação, é preciso fazer com que o esforço da certificação redunde em progresso da qualidade com resultados no caixa da empresa.
Tão ou mais importante que a obtenção de uma certificação ISO é sua manutenção e, mais importante que isso, é seu uso efetivo como ferramenta para melhoria da qualidade. Empresas têm buscado com avidez a certificação ISO 9000 e dão relativamente pouca importância à sua aplicação como um efetivo sistema da qualidade.
É até natural, dada a importância e o caráter excessivamente “marketeiro” que se dá ao evento. Cria-se um “anti-clímax” na organização, como se esta tivesse exaurido todas as suas forças em “responder corretamente às perguntas” dos auditores do órgão certificador, mesmo que no decorrer da vida empresarial pouca ou nenhuma importância se dê aos trabalhadores manuais do Sistema da Qualidade.
Em nossa organização não foi diferente. Acordando, porém, do “sonho” da certificação e livrando-se do pesadelo da documentação, passamos, não sem sofrer todas as dores de um parto difícil, à segunda fase – fazer com que o esforço REALMENTE redunde em progresso da qualidade para as atividades, como resultados no caixa da empresa. Algumas constatações:
Um sistema da qualidade não necessariamente significa um sistema para a qualidade;
Criar sistemas maravilhosos no papel, duríssimos de serem mantidos e desconectados das ações empresariais, tais e quais são mais práticas no dia-a-dia, simplesmente não funciona – melhor ser menos ambicioso e propor sistemas que dêem a eficiência e, principalmente, a padronização de resultados, com base no que se faz melhor, da forma como “instintivamente” se faz;
Eficácia na empresa é fazer mais com cada vez menos, ou seja, é como deixar de ser um carro “beberrão” de 6 cilindros, continuar indo de zero a cem em 6 segundos, mas com menos combustível – fato é: o “combustível” que não se gasta é a reserva para o tempo de vacas magras;
A rotina precisa ser administrada. É na manutenção de uma rotina adequada, que cuida de todos de cada evento, que a empresa obtém sua força. Uma empresa que não pode ser um time de pernas-de-pau, onde um virtuoso sempre faz um golaço aos 45 minutos do segundo tempo… de bicicleta.
Um ultimo “insight” – muito, mas muito importante mesmo – é ter uma política de auditoria da qualidade que funcione. Auditorias Internas da Qualidade são oportunidades para duas preciosas ações:
a) medir de está fazendo corretamente o que se deveria;
b) verificar se se pode fazer melhor.
Normalmente as empresas só fazem o primeiro item.
A Auditoria Interna da Qualidade deve ser deixada nas mãos dos melhores profissionais disponíveis. Como isso normalmente é impossível (os melhores sempre estarão ocupados), treine e sempre tenha um time com ótimos reservas sempre a disposição.
Wesley Montechiari Figueira
É Sócio-diretor de Auditoria da Russell Bedford Brail Auditores Independentes – Escritório de Curitiba