Conta a história que, em 1995, houve uma competição entre as equipes de remo do Brasil e do Japão. Logo no início da regata, a guarnição japonesa começou a se distanciar e completou o percurso rapidamente. O barco brasileiro chegou à meta com UMA HORA de atraso. De volta ao Brasil, o Comitê Executivo se reuniu para avaliar as causas do desastroso resultado e constatou:
A equipe japonesa era formada por 1 Chefe de Equipe e 10 remadores.
A equipe brasileira era formada por 1 remador e 10 Chefes de Equipe.
A decisão passou então para a esfera do Planejamento Estratégico que deveria realizar uma seríssima re-estruturação da equipe visando a prova do ano seguinte.
Em 1996, dada a largada, os nipônicos dispararam e, desta vez, nossa equipe chegou com DUAS HORAS de atraso. Uma nova análise das causas do fracasso mostrou os seguintes resultados:
A equipe japonesa continuava com 1 Chefe de Equipe e 10 remadores.
A equipe brasileira, após as mudanças introduzidas pelo pessoal do Planejamento Estratégico, era formada por: 1 Chefe de Equipe, 2 Assessores de Departamento, 7 Chefes de Departamento, 1 remador.
A conclusão do Comitê que analisou as causas do novo fracasso foi unânime: O REMADOR É UM INCOMPETENTE!!!
Em 1997, nova oportunidade. O Departamento de Tecnologia e Novos Negócios do Brasil colocou em prática um plano para melhorar a produtividade da equipe, com a introdução de mudanças baseadas no que havia de mais moderno no mercado e que, SEM DÚVIDA, produziria aumentos significativos de eficiência e eficácia. Os pontos principais das mudanças eram o “resizing” e o “turn-around” e, COM CERTEZA, desta vez os brasileiros humilhariam os japoneses. O resultado foi catastrófico e a equipe brasileira chegou à meta TRÊS HORAS depois do barco do Sol Nascente. As conclusões revelaram dados aterradores:
Mantendo a sua tradição milenar, a equipe japonesa era formada por 1 Chefe de Equipe e 10 remadores.
A equipe brasileira, por sua vez, utilizou uma formação vanguardista constituída por 1 Chefe de Equipe, 2 Auditores de Qualidade Total, 1 Assessor especializado em “Empowerment”, 1 supervisor para assuntos de “Downsizing”, 1 Analista de Informática, 1 Chefe de Tecnologia, 1 “Controller”, 1 Chefe de Departamento, 1 Controlador de Tempo, 1 remador.
Depois de vários dias de reuniões e análises, o Comitê Executivo decidiu castigar o remador e aboliu “todos os seus benefícios e incentivos em função do fracasso alcançado”.
Na reunião de encerramento, o mesmo Comitê, fortalecido pela presença dos principais acionistas, anunciou: “Contrataremos um novo remador, mas desta vez com contrato de Prestação de Serviços de Terceiros, sem vínculo trabalhista, para que não tenhamos que lidar com os sindicatos, que degradam a eficiência e a produtividade dos recursos humanos”.