Publico hoje este artigo, pois acredito ser ele pontual e importante para uma reflexão sobre a nossa realidade social atual, diante apenas de minha ótica e humilde opinião.
Dias atrás em uma aula, contextualizando fatos de história sobre a opressão contra as mulheres e nossa realidade, causei uma certa estranheza ao meu público ouvinte quando ataquei veementemente os indíviduos que estavam colocando o adesivo da presidente da República em uma posição vergonhosa sobre o bocal do tanque de combustível.
Mesmo tratando-se de um protesto, e há quem diga que bem humorado, na minha concepção, trata-se de um desrespeito contra todas as mulheres e fica evidente um machismo exacerbado que ainda vivemos em pleno século XXI em nossa sociedade. Alerto sempre que seremos julgados pelos nossos netos diante do anacronismo histórico por vivermos em uma sociedade que ainda requer uma Lei Maria da Penha contra a agressão (agressão está, que já era tipificado anterior a está lei, como crime, independente de gênero), Delegacias especiais da mulher e Casas Abrigo para livrar mulheres de maus tratos cometidos por homens covardes. A estranheza de meus alunos foi devido ao clima de rejeição contra o governo da presidente e seu partido instaurado, ver o professor emitir uma opinião contra a manifestação em questão. Há de ter formas mais civilizadas de protestos que não coloquem um orgão fálico feminino sendo penetrado por uma bomba de combustível. Tudo tem limites. Mas nestes tempos, tudo tem que ser super explicado e nada subentendido e ao vivo, em sala de aula, fica mais fácil, pois a interação evita interpretações errôneas e facilita o debate, pois tudo é olho no olho. Vivemos em um mundo onde nunca foi tão fácil informa-se, mas o interesse é que poucos fazem isso. Contrariar as pessoas com sua opinião hoje é um ato arriscado, pois você pode ser linchado com impalpérios impronunciáveis, principalmente na terra-sem-lei que é a internet ainda, e que fica evidente ao ler comentários emitidos sobre determinados assuntos polêmicos ou não, onde a verdadeira face destas pessoas vem à tona. Pessoas usam a internet para esconder suas imperfeições, mas acabam muitas vezes mostrando sua índole mais nojenta e odiosa. As pessoas só querem ler o que confirmem suas crenças, ideologias e convicções. Junto com elas vem esperanças, frustrações, decepções e não interessa nada, que não confirme a opinião que ela tem sobre a vida, sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre a presidente, sobre a morte do cantor sertanejo, sobre o clipe da banda, sobre o corte de cabelo do jogador, sobre o namoro da novela, sobre o pastor, sobre o Papa, enfim, tem opinião pra tudo. Este indíviduo, não se contenta em debater com os seus amigos. Mas ele não chama seus amigos de idiotas, ridículos, machistas, arrogantes, preconceituosos, agressivos. É covarde. Não tem coragem de fazer isso na vida real. Só na internet. E faz ainda mais com quem não conhece, aí o festival de grosserias não tem limite e na maioria das vezes emite opinião sobre assuntos que não domina. Este é o LEITOR DISFUNCIONAL, e junto com o ANALFABETO FUNCIONAL, é o maior mal que nos assola em tempos cibernéticos. O leitor disfuncional pode ser até pior que o analfabeto funcional, pois este apenas simplesmente “não cheira e nem fede” e será apenas gado de manobra na mão de políticos demagogos. Já o leitor disfuncional lê, assina revistas, lê todos os sites, mas entende o que quer do que está escrito lá, mesmo que não tenha entendido nada, mesmo que só tenha lido o primeiro parágrafo, mesmo que não tenha lido e alguém só tenha lhe contado. E se você não for politicamente correto, sexualmente correto, se não guardar os feriados religiosos, se não praticar exercícios e se críticar o cantor preferido dele, ele vai gritar, espernear e xingar-te muito. Pois o mundo deste indivíduo é perfeito, onde as coisas tem que ser do jeito que ele quer e não admite ser jamais contrariado. No dia a dia todo mundo se esforça pra ser legal, simpático e gosta de bons relacionamentos. Na internet, muitos se dão ao direito de se achar melhores do que os outros. Mesmo que sejam. Mesmo que não sejam. E se o leitor disfuncional não gostar do que você escreveu, sempre ele vai se achar no direito de tratá-lo com desprezo e falta de educação. Jamais ele se contenta em discordar, precisa baixar o nível e remeter toda a civilidade ao paleolítico.Tristes tempos.