A história de hoje irá complementar a história publicada anterior acerca da cachaça e a suas origens. Bebida historicamente muito popular no Brasil e que após o presidente Lula assumir publicamente ser um ávido consumidor da “marvada”, a bebida adquiriu ares mais nobres após o Decreto 4.851, de 2003 oficializando a cachaça como bebida tipicamente brasileira. Não existe, historicamente falando, uma origem oficial do aguardente de cana-de-açúcar,ou popularmente conhecido como Pinga ou Cachaça, o que existem são histórias folclóricas coletadas por diversos autores, com mais ou menos detalhes e hoje vou relatar a história mais difundida, e que pela coerência pode ser uma pista para chegarmos a origem desta bebida. Durante o período escravocrata de nossa história, as fazendas providas com engenho e produtoras de açúcar, também produziam melado de cana, outro derivado da cana bastante apreciado. Para obter o melado, o caldo de cana era fervido em grandes tachos e mexidos de forma constante até o mesmo ficar no ponto. Após apurar o processo, o melado era retirado do tacho, mas sempre ficavam bastante resíduos e os tachos nem sempre eram limpos. O resíduo de melado que ficava preso aos tachos, quando não limpos, passado algum tempo, quimicamente fermentavam. Quando em outra ocasião se iniciava o processo de produção de melado, acidentalmente o melado novo misturava-se com o melado velho residual, fermentado e com um sabor azedo devido a presença já do álcool. O álcool do melado residual que ia evaporando na medida que o melado era apurado ia se fixando nas telhas e após condensar caia em pequenas gotas, que já era a cachaça formada e que pingavam constantemente. Desse acidente surge o nome “PINGA”. Quando em sua queda, geralmente ela entrava em contato com as costas dos escravos que provavelmente encontravam-se marcadas com feridas abertas devido a chibatadas dos feitores e ardia muito. Acredita-se que deste ocorrido nasce o nome “ÁGUA-ARDENTE”. Esse mesmo líquido que causava este desconforto, também escorria até a boca e os escravos bebiam. Os senhores do engenho notaram que após ingerirem a bebida da goteira, os escravos ficavam mais alegres e com vontade de dançar. Logo aperfeiçoaram o processo de obtenção da bebida começaram a produzir cachaça em grande quantidade. Historicamente é mais aceitável a teoria que a palavra “aguardente” tem origem a partir dos gregos que registram o processo de obtenção da acqua ardens. A “água que pega fogo” ou “água ardente” (do árabe: al kuhu, que originou a palavra Álcool). A partir do Álcool surgem diversas bebidas fermentadas destiladas e outra palavra de origem árabe pode ser associada a esta saga da cachaça: Alambique. Alquimistas da antiguidade tomam conhecimento da “água ardente”, atribuindo-lhe inclusive propriedades místico-medicinais. Como tudo em nosso país é motivo de piada, até hoje tem quem diga quem bebe a “marvada” não pega verme. Saúde.