quinta-feira , 17 abril 2025 - 22:04
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Martinho Bugreiro, profissão: Assassino de índios

A história de hoje vai tratar sobre a figura de um catarinense conhecido como MARTINHO BUGREIRO, que foi um dos maiores responsáveis pelo extermínio das tribos xokleng (ou botocudos) durante o período de colonização pelos imigrantes europeus no estado de Santa Catarina no Século XIX. Nascido em Lages-SC em 1869, Martinho Marcelino de Jesus, o MARTINHO BUGREIRO, tinha sido residência no município de Bom Retiro-SC, onde casou-se e constituiu sua família oficial, em seu levantamento histórico literário há fortes indícios que sua mãe era índia e que desde jovem começou a matar índios e logo tornou-se inspetor de quarteirão (vigia de ataques indígenas) em uma época onde os índios eram considerados foras-da-lei. Embora também há relatos que quando criança, Martinho tenha sido sequestrado por índios e vivido entre eles, onde assimilou o conhecimento e costumes dos mesmos e despertou seu espírito de vingança. Neste período histórico os “Bugreiros”, ou assassinos de índios eram financiados pelo governo, que assim incentivava a colonização europeia no Estado. Uma quadra literária de apresentação atribuída ao Martinho dizia: “Meu nome, Martim Bugreiro,assim me chamam os da terra. Lá de Bom Retiro, vivente de mar e serra. Ciência tenho de tiro e minha arma não emperra”. O ataque aos índios pelo bando de Martinho seguia sempre o mesmo ritual, sendo executado sempre de madrugada, onde os índios estavam dormindo, e eram acordados a tiros e golpes de facão, sem chance de defesa, os índios eram submetidos a degola, evisceração, cortes transversais no peito, pontaços no coração e relatos onde as crianças eram lançadas para cima e aparadas nas espadas. Depois de mortos, as orelhas eram cortadas, pois a recompensa governamental era paga por cada par delas. Uma das histórias mais grotescas foi quando o governo catarinense chamou Martinho para prestar esclarecimentos sobre boatos de assassinato de 100 índios sem autorização, e ele respondeu assim: “Por favor, senhores, deve haver algum engano, eu não matei 100 índios sem a vossa autorização, em DEFESA DOS COLONOS E SUAS PROPRIEDADES EU MATEI MAIS DE 1000 ÍNDIOS”. E mesmo após esta declaração, o governo catarinense apoiou as ações de Martinho e seu bando. Pelas longas incursões fora de seu Domicílio há relatos de diversos descendentes de Martinho em regiões que vai do Planalto serrano, planalto norte e vale do rio do peixe. O Massacre durou até início do século XX, onde a visão humanista e pacificadora começou a prevalecer sobre a barbárie e intolerância.

Fonte: Os índios Xokleng de Silvio Coelho dos Santos (edição esgotada e postei o link com o livro na versão completa dentro do Issu) e revista História Catarina de Outubro de 2010.

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