quarta-feira , 22 janeiro 2025 - 12:01
Blog Senta que lá vem a História

Meu reino por uma… Cama?

A história de hoje foi inspirada durante uma aula de uma turma de 7º ano do ensino fundamental, onde começamos o estudo da ocupação portuguesa na nossa Pindorama (Nome original do Brasil, conforme a grande nação nativa que aqui habitava) e para começar estava trabalhando com eles o primeiro episódio da minissérie televisiva chamada “A Muralha”, onde o choque de cultura portuguesa com a indígena é dramaturgicamente evidente. Neste episódio um índio ao ver 2 portugueses desembarcarem com uma CAMA trava o seguinte diálogo com um português:
– O que é isto que eles estão carregando? Pergunta o indígena.
– É uma cama, lugar onde se dorme lá em Portugal. Respondeu o português
– Como se pode dormir em algo que você não possa carregar debaixo do braço?
Obviamente, o índio se referia as suas REDES DE DORMIR, que feitas de tecido são leves, e sendo assim, portáteis e poderia-se montar em diversos lugares. Mas a riqueza material dos portugueses no início da colonização não existia. Um exemplo desta privação, foi o fato ocorrido em 1620, quando o ouvidor geral português, Amâncio Rebelo Coelho estaria visitando São Paulo e queria manter o conforto que ele estava acostumado a ter em Portugal e sendo assim, solicitou que fosse providenciado uma cama. Não foi difícil encontrar o móvel: Só havia UMA ÚNICA CAMA em São Paulo naquela época e pertencia a um homem chamado Gonçalo Pires. O dono da cama, não queria ceder o móvel e um oficial da Câmara Municipal precisou apreendê-la. Ao fim do “empréstimo”, a Câmara tentou devolvê-la ao proprietário, mas o Sr. Gonçalo recusou a recebê-la, alegando que a mesma foi danificada durante o período de confisco e entrou em conflito com o órgão governamental pedindo ressarcimento pelo prejuízo e a pendenga jurídica durou 7 anos até o seu desfecho e o Sr. Gonçalo poder voltar a dormir no conforto de uma cama. Assim sendo, feliz do indígena e a sua prática rede de dormir.
Fonte: Em Vida e Morte do Bandeirante, de Alcântara Machado

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Desde 2008 mantenho este portal, que iniciou sendo um disseminador de informações e artigos voltados a área da mecânica e com o passar do tempo alterou seu formato diversas vezes, tornando-se uma plataforma educacional flexível  com ênfases em História (Que é a minha paixão) e trabalhos desenvolvidos na ampliação da cultura Maker no Brasil.

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