Hoje a inspiração para escrever uma história, veio de algo nada agradável, que é a doença. Pela quinta vez neste ano estou gripado (!), isto tudo devido ao meus sistema imunológico estar às mínguas devido a uma cirurgia que fiz há 7 anos atrás com a remoção de meu estômago e a inserção de um sistema de desvio direto para o duodeno ocasionando carências diversas em meu organismo o qual luto para manter tudo funcionando a base de suplementos ingeridos de forma oral e injeções de complexos polivitamínicos regularmente. A gripe que contrai é diferente, pois me derrubou, sendo o seu diferencial a tosse incessante. Nesse momento de meu infortúnio eu lembro de minha infância e da minha mãe com seu arsenal de XAROPES, e este será o tema. Quando criança, contraia diversas gripes, e sempre eu dispunha de uma poção milagrosa que a minha amada mãe sempre tinha (Ela era ex-freira da ordem da Divina Providência e trabalhou por 20 anos como enfermeira em diversos hospitais pelo país), o qual eu tomava e tudo ficava maravilhoso. A dor parava e eu dormia o sono dos justos brevemente após ingerir o “elixir dos deuses” que ela me administrava. Mal minha mãe sabia que o que ela fazia era DROGAR-ME, isto mesmo, sem a menor intencionalidade e fazendo algo que a maioria das famílias fazia, administrar XAROPES a base de CODEÍNA. Um XAROPE é um preparado que possuí grande quantidade de açúcares e sua característica principal é a “viscosidade”, isto é, o líquido fica “meio grosso” (“xaroposo”) e a ele é acrescentado a substância que vai trazer a “cura”. Por muito tempo em nosso país (e no mundo) foram produzidos XAROPES PARA A TOSSE em que o medicamento ativo era a CODEÍNA – uma substância extraída do ÓPIO, substância está que é extraída a partir da PAPOULA – Mas como a codeína atua sobre a tosse? O cérebro humano possui uma certa área – a chamada centro da tosse – que comanda os acessos de tosse, e é justamente lá que a codeína vai agir. Toda vez que esse centro de tosse é estimulado há emissão de uma “ordem” para que a pessoa tussa. A codeína é capaz de inibir ou bloquear essa área; assim, mesmo que haja um estímulo para ativá-lo, o centro, estando bloqueado pela droga, não reage, ou seja, não dá mais a “ordem” para a pessoa tossir, e a tosse que vinha ocorrendo deixa de existir. Mas como os outros opiáceos, a codeína também age em outras regiões no cérebro. Assim, outros centros que comandam as funções dos órgãos são também inibidos; com a codeína, a pessoa sente menos dor (ela é um bom analgésico), pode ficar sonolenta, e a pressão sanguínea, a frequência cardíaca e a respiração podem ficar diminuídos. Entretanto o Xarope mais famosos da história é a COCA-COLA, onde um farmacêutico norte-americano, John Pemberton, na cidade de Atlanta, no dia 8 de maio de 1886, preparou um xarope de extrato e FOLHAS DE COCA (A planta de onde se extraí a pasta base para a obtenção da Cocaína), cafeína e água. O que era para ser remédio, virou a bebida mais popular do mundo. Para desespero dos meninos, como eu, viciados em xaropes de CODEÍNA, estes medicamentos foram proibidos de serem fabricados em nosso país há cerca de 25 anos. Mas em dias como o de hoje, senti muito a falta do velho Pambenyl® xarope “milagreiro” da Dona Ilda. Acho que está seja umas das explicações do meu vício por coca-cola, mesmo sabendo dos males que está bebida me causa.