Hoje vou contar uma história referente a ELEIÇÕES, VOTO e URNAS. Em pleno período eleitoral onde mais de 20 milhões de eleitores já irão utilizar urnas eletrônicas biométricas, considerado pelos órgãos oficiais como o patamar mais avançado em se tratando de segurança e confiabilidade no processo eleitoral, ainda pairam especulações e suspeitas sobre a possibilidade de fraude nos resultados. A desconfiança sobre o sistema eleitoral tem motivos históricos, pois aqui eleições sempre foram associadas a uma bela oportunidade de utilizar a fraude como forma de garantir interesses. No período imperial, o principal obstáculo a lisura do pleito eleitoral justo era a restrição e a ferramenta usada para garantia de interesses foi o VOTO CENSITÁRIO, onde só quem poderia votar é quem comprovava uma renda mínima de 100 mil réis para ser votante e de 200 mil réis para ser eleito. Uma outra forma aceitável também no voto censitário era a comprovação de renda através da quantidade de SACOS DE MANDIOCA que o eleitor ou candidato possuía. A mandioca era uma forma de mensurar a riqueza naquela época. Existia também o VOTO POR PROCURAÇÃO, no qual o eleitor transferia seu direito de voto para outra pessoa. Era comum nas votações aparecerem entre os eleitores nomes de pessoas mortas, crianças e moradores de outros municípios. Só em 1842 este tipo de voto foi proibido. Em 1881 o TÍTULO DE ELEITOR foi instituído, anterior a isso, o eleitor era somente reconhecido por testemunhas e não apresentava nenhum documento no ato. Durante a República Velha (1889-1930) as fraudes continuaram e a manipulação eleitoral (VOTO DE CABRESTO) gerava resultados absurdos nas urnas. Em uma eleição desse período, ocorrida no Rio de Janeiro, tantos eleitores votaram duas vezes que a totalização de votos quase dobrou o número de eleitores e seria o suficiente para empossar dois governadores e duas Assembleias Legislativas. Outra fraude comum no interior do Brasil era a ELEIÇÕES BICO-DE-PENA: um dia antes da eleição, o presidente da Mesa preenchia a ata dizendo quantas pessoas a tinham assinado, fraudando a assinatura das pessoas que compareciam. Diante disso pode-se entender o motivo de tanta desconfiança com as “maquininhas eletrônicas” que vamos usar em Outubro.